A Páscoa: Tradição ou Mudança?

Ao participamos da Solenidade da Ressurreição de Nosso Senhor e viver esse período com pouca abertura de nosso coração para a graça de Deus, tal vivencia se torna mais que uma ``tradição´´ de uma data repetitiva, do que um momento de mudança de vida.

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06.04.2021 - 15:00:00 | 4 minutos de leitura

A Páscoa: Tradição ou Mudança?

         A Festa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é, ao lado de outras datas como 25 de dezembro, dia do seu Nascimento, a grande celebração do Ano Litúrgico na Igreja. Após quarenta dias de penitência, intensa oração e práticas específicas de caridade, nós celebramos o Mistério Pascal de Cristo, isto é, seu sofrimento, morte e ressurreição como o fundamento da nossa salvação. Mas apesar da Igreja nos apresentar todos os anos essas festas solenes, estamos realmente vivendo cada uma delas do jeito certo? Será a Páscoa vivida adequadamente por nós ou passamos por esse período apenas como mais uma festa do calendário litúrgico?


       O título dessa matéria parece tratar de dois ângulos do mesmo assunto, como se houvesse uma oposição entre eles necessariamente. Mas quando falamos em tradição aqui, não estamos nos referindo à maneira como muitos cristãos acabam interpretando a Festa da Páscoa, isto é, apenas como uma simples data religiosa caracterizada por um feriado nacional que se repete todos os anos. Essa é uma maneira comum como muitos trazem para o presente datas tão significativas: está no calendário, mas não está na vida concreta e chamam essa vivência cíclica de tradição.


         Mas por tradição cristã católica deve-se entender corretamente o que ela quer dizer para nós, como a vivência, a cada ano, das Solenidades e Festas Sagradas como a celebração dos mistérios cristãos que implica necessariamente em mudanças na vida das pessoas. A Páscoa Cristã é em si a celebração de Jesus Cristo Ressuscitado que determina para nós, seus seguidores, a necessidade de ressuscitarmos também, ou seja, de transcendermos toda e qualquer experiência de morte e ingressar numa nova experiência de vida. Viver assim a celebração da vida de Jesus Cristo é experimentar a verdadeira tradição cristã. A Igreja traz de Jesus para nós as experiências de transformação da vida de sofrimento em libertação, de morte em vida nova.


           Uma idéia errada de tradição é entendê-la como simples repetição de datas religiosas sem muito vínculo com a vida interior de cada pessoa. Mas a verdadeira tradição consiste em nos propor cada ano a vivência dos ensinamentos e exemplos de Jesus de tal maneira que cada celebração, cada festa e solenidade será uma vivência sempre nova e original porque havendo abertura de coração para a graça de Deus, o fiel poderá progredir e experimentar sempre mais novas expressões de aprofundamento do mistério cristão em sua vida.


           Assim, a verdadeira maneira de se viver a Páscoa, tradicional Festa da Ressurreição do Filho de Deus, é permitindo-se tocar pela vida d’Ele de tal maneira que o fiel mudará em sua vida tornando-se uma pessoa melhor. A verdadeira tradição das celebrações importantes da fé católica sempre supõem mudanças positivas ou conversões de tal modo que, ou ela é transformadora ou não está sendo bem vivida. Ao ressuscitar, Jesus vence a morte, o pecado e o maligno, concedendo-nos vida nova em abundância e libertação. Nós agora, por obra e graça do Ressuscitado, podemos superar as muitas formas de morte e entrar numa experiência de vida renovada.


        Faz-se necessário a cada pessoa, por assim dizer, acolher e consentir em participar da graça de Cristo. Quando saímos de um deserto espiritual, por exemplo, e nos tornamos pessoas de oração ou quando estamos magoados e saímos dessa zona de escravidão interior para a reconciliação e o perdão, os frutos da Páscoa de Cristo estão brotando em nós. E nos esforçando para sermos cada vez mais fiéis a essa vida nova gerada em nós pelo batismo, estamos nos permitindo transformar em seres humanos cada vez melhores, mais santos, mais repletos de Deus.

 

Pe. Fellinto Oliveira Britto

Reitor do Santuário Eucarístico

Diocese de Tianguá – Regional NE1. 

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