Adoração ao Santíssimo Sacramento e seus frutos
Todo os seres humanos têm uma necessidade de Deus, fomos criados para Deus e só ficamos plenamente felizes quando o nosso ser é completado com a presença dEle. E umas das formas disso acontecer é adorar ao Santíssimo Sacramento do Altar. Então, assim como nós nos dirigimos a Deus para adorá-lo Ele também vem a nós dando-nos muitas graças.
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13.04.2021 - 15:28:11 | 5 minutos de leitura

A Igreja desde o seu nascimento adora a Deus (Jo 9,39) como seu Senhor e Criador. Desde os Apóstolos que adoraram Nosso Senhor Jesus Cristo Ressuscitado (Mt 28, 17a) até hoje, ela se ajoelha diante do Santíssimo Sacramento do Altar, seja na Santa Missa, seja num momento próprio de Adoração e proclama com convicção: Meu Senhor e meu Deus! Eu te adoro! Podemos ver e vivenciar momentos ricos de espiritualidade como esses em todas as comunidades paroquiais no mundo inteiro, e aqui no Brasil, é cada vez maior o número de Comunidades nas periferias e zona rural que tem implantado o tabernáculo ou Sacrário em suas capelas para que tenha Hóstias Consagradas seja para a distribuição na Santa Missa, seja para Adoração Eucarística às quintas-feiras. Mas o que significa mesmo adorar a Deus? Qual é o seu sentido?
O Catecismo da Igreja Católica afirma no parágrafo §2096: “A adoração é o primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-Lo como tal, Criador e Salvador, Senhor e Dono de tudo quanto existe, Amor infinito e misericordioso. «Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto» (Lc 4, 8) – diz Jesus, citando o Deuteronômio (Dt 6, 13)”. O ser humano, enquanto criatura de Deus, tem para com o Criador um vínculo de pertença e consequentemente de obediência. É claro que ele também possui livre arbítrio e é chamado por Deus à liberdade. Porém, não sendo fruto do acaso e muito menos de uma autocriação, o homem, existindo e possuindo uma alma imortal, é um ser cuja relação com Deus é idealmente de plenitude.
Sozinho, até pode arbitrar seguir a vida como lhe aprouver, mas ele será um verdadeiro ser humano completo e feliz se corresponder ao amor de Deus e com Ele viver em comunhão. Dotado de inteligência e liberdade, se viver sozinho não conseguirá jamais ser pleno. Afinal, sua plenitude depende da presença de Deus em sua vida. Em simples palavras, é como se a criatura humana não funcionasse direito sem Deus. Nosso Senhor é a condição de possibilidade do homem ser verdadeiramente feliz e realizado. Essa completude não se dá como uma realidade opressora ao homem, ou seja, Deus não é uma presença forçada e dispensável à qual se tolera por ser Deus... Na verdade, a comunhão com Deus é uma interação da criatura com o criador na qual “não há como o ser humano não ser atraído ao seu Senhor, pois viver em Deus é a natureza própria do homem enquanto uma criatura d’Ele”. É necessário viver em Deus!
Esta antropologia é apresentada aqui para que se compreenda a razão pela qual nós devemos adorar a Deus. Numa perspectiva divina, é fácil dar uma resposta a esse respeito: Devemos adorar a Deus porque é Deus! É nosso Senhor e Criador! Mas também numa perspectiva humana, é necessário adorar a Deus porque o homem só será verdadeiramente completo e, portanto, feliz se estiver em comunhão plena com o Criador. Ser rico ou pobre é um aspecto secundário, ser grande ou pequeno, ser famoso ou anônimo, ser culto ou inculto, tudo isso é aspecto acidental. Mas ser santo não é uma característica dispensável porque ou o homem é santo ou ele não é completo.
Curvar-se diante de Deus numa atitude de adoração não se trata apenas de uma expressão cultural religiosa, mas de uma correspondência mútua interior manifestada em ações que unem criatura e Criador. Um ato de adoração a Deus supõe gestos como ficar em pé ou ajoelhado, cantar louvores, erguer os braços em atitude de exaltação a Deus, mas tudo isso não seria suficiente se em cada gesto desse não houvesse uma adesão interior de fazer exatamente tudo isso para que o sujeito que adora esteja o mais estreitamente possível unido a Deus. É por essa razão que devemos adorá-lo.
Mas esta ação própria dos fiéis não tem só um lado, ou seja, não é um ato que apenas parte do homem em direção a Deus e pronto. Deus também responde à Adoração que lhe presta a comunidade cristã. São João Bosco dizia que “aquele que quer receber muitas graças vai visitar muitas vezes o Santíssimo Sacramento!”. Esta sua constatação não era algo meramente subjetivo. O santo fundador dos Salesianos muitas e muitas vezes visitava o Santo Sacrário e Adorava a Hóstia Consagrada ali presente, e ensinava aos jovens seus aprendizes a fazer o mesmo. Ele assim pretendia alcançar muitas graças das quais necessitava para sua obra educadora e evangelizadora. E Deus lhe retribuiu tão grandemente que incontáveis são os frutos de um projeto que ele iniciou em seu tempo e até hoje só tem crescido admiravelmente em todo o mundo.
A Adoração ao Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo pode proporcionar inúmeras graças ao cristão tais como curas e libertações, superações de crises, restauração de matrimônios e de famílias inteiras, florescimentos vocacionais, progressos missionários e eclesiais. Porém, se pudermos indicar os principais frutos desta nobre ação humana, adorar a Deus na Hóstia Consagrada proporciona a conversão e salvação das pessoas, tornando-as novas criaturas em Cristo. Comunguemos e adoremos ao nosso Deus na Santíssima Eucaristia! Além de ser a maior coluna de sustentação da Igreja, é o caminho do que nos levará para o Céu!
Pe. Fellinto Oliveira BrittoSacerdote da Diocese de TianguáRegional NE 1
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