Como foi a Ressurreição de Jesus Cristo?

Ao terceiro dia Nosso Senhor Ressuscita bastante diferente de sua aparência na cruz. Agora mais jovial, carregando as marcas da crucificação. Mas você sabe como ocorreu isso?

        Todos os anos nós celebramos a Páscoa, festejando a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Proclamamos com toda a Igreja – “Cristo ressuscitou! Aleluia!”. E veneramos a sua Imagem trazendo agora as marcas da sua Paixão, as Santas Chagas, como sinais da nossa Redenção. Ao aparecer aos seus discípulos, em particular no segundo Domingo da Páscoa, Ele se dirige a Tomé dizendo: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,27-28)

         Mas como foi mesmo que aconteceu a Ressurreição de Jesus? Bom, nós precisamos voltar um pouquinho no tempo, até à noite de Quinta-feira Santa, quando Jesus foi traído por Judas, e depois de ter sofrido numa angústia terrível no Jardim das Oliveiras, a ponto de suar sangue, Ele é abordado pelos soldados e preso. Levaram-no às casas de Anás (Cf. Jo 18,13) e Caifás (Cf. Jo 18,24) onde zombaram d’Ele. Os Evangelhos narram com detalhes as agressões que, com crueldade, o feriram. Esse tormento durou a noite inteira.

          Logo pela manhã, Pilatos mandou açoitá-lo mais ainda Ele apanhou. Jesus foi agredido com bofetadas, humilhações, puseram em sua cabeça a coroa de espinhos causando uma dor muito intensa. Os chicotes com que batiam n’Ele eram feitos com tiras de couro de animal, tendo cada tira em suas pontas uma lâmina afiada de modo que a cada batida, essas lâminas eram cravadas nem sua carne. Jesus perdeu muito sangue e estava cheio de hematomas. Suas costas agora cheias de lesões graves causadas por esses instrumentos também vertiam muito sangue.

          Após receber a sentença de morte, deram-lhe uma pesada cruz e Ele a carregou, à beira de um colapso pela perda de sangue, cheio de dores e com seu sistema psicológico esfacelado pela pressão das humilhações. Jesus podia ter morrido de esgotamento físico a qualquer momento no trajeto entre o Pretório e o Calvário. Mas era um homem forte, no auge de sua jovem vida. Contudo, sem forças, cai por três vezes e foi amparado por Simão Cirineu. Essas quedas, dependendo de como Ele bateu no chão sob o peso da cruz, também podiam ter causado lesões.

          Já no Calvário, Jesus é pregado na cruz e ao erguerem-na, Ele fica fixado com pregos fincados às suas mãos e seus pés, causando-lhe um tormento muitíssimo doloroso. Análises feitas no Sudário, que é no lençol com que cobriram o seu Corpo, mostram que Jesus estava com um ombro deslocado. Por certo, no momento em que ergueram a cruz, o movimento da fixação da base da cruz no chão fez com que ela pendesse para a frente impulsionando crucificado também com força e esse movimento pode ter causado essa lesão em seu ombro. Além disso, a posição de crucificado, isto é, pendurado na própria carne e suportando o próprio peso, gerou uma pressão torácica causando sufocamento em Jesus. Foi assim que Ele agonizou do meio-dia até às quinze horas, momento em que Ele morreu crucificado.

           Profetizava a esse respeito o Profeta Isaías – “Eis que meu Servo prosperará, crescerá, elevar-se-á, será exaltado. Assim como, à sua vista, muitos ficaram embaraçados - tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana [...]”. (Is 52,13-14). O corpo de Jesus foi descido da cruz e sepultado. José de Arimatéia foi quem comprou o lençol com que o envolveram. Assim, Ele foi posto no sepulcro escavado na pedra e fechado com uma outra grande pedra, ainda tendo dois guardas postos para vigiá-lo a fim de “evitar alguma possível intervenção dos discípulos”.

           Jesus foi sepultado na tarde da sexta-feira, passou todo o sábado ali imóvel e na madrugada do domingo aconteceu um fenômeno de ordem sobrenatural na sua natureza humana. Certa vez pude participar de uma conferência de Pe. Oscar Quevedo na qual ele abordava o tema da ressurreição de Jesus. Dizia ele que ‘uma intensa luz começou a brilhar dentro do corpo de Jesus regenerando-o de dentro para fora’. À proporção que essa luz, que é o Divino Espírito Santo, ia se tornando intensa e regenerava a carne de Jesus, seu corpo começava a se transformar de modo que o lençol ia descendo por dentro d’Ele. O corpo de Jesus atravessou o lençol até este ficar totalmente por baixo e Jesus abrindo os olhos, se levanta totalmente regenerado e agora numa beleza e numa força indescritíveis. Jesus está vivo e traz como sinais da Redenção as cinco chagas para que ninguém duvidasse que era Ele mesmo e deixa para nós um sinal carinhoso de sua Ressurreição: O Santo Sudário.

           O lençol que cobriu seu corpo existe até hoje e está exposto na Catedral de Turim, Itália. Análises recentes comprovaram que a imagem de Cristo que ficou estampada no tecido não é feita apenas de sangue, mas foi impressa em 3D por uma energia muito forte que queimou o tecido imprimindo a Imagem de Cristo. Dr. Bernardo Hontanilla Calatayud, da Universidade de Navarra, na Espanha, publicou na revista Scientia et Fides um artigo no qual afirma que “O Sudário de Turim mostra sinais de morte e vida de uma pessoa que deixou a sua imagem impressa num momento em que estava viva”.[1]

            Os soldados que guardavam o sepulcro não suportaram o poder desse fenômeno divino e desmaiaram. A força de Deus moveu a pedra que estava à entrada do túmulo e Nosso Senhor Jesus Cristo saiu caminhando com seus próprios pés. Maria Madalena, os discípulos que estavam escondidos em Jerusalém por causa da perseguição contra eles, os discípulos de Emaús foram testemunhas do Ressuscitado. Jesus apareceu para todos eles, mas um fato chama atenção: Eles o reconheceram, porém ficaram pasmos porque Jesus estava com um aspecto diferente de antes de sua morte. Havia n’Ele uma grande beleza, uma superioridade vital porque seu corpo ressuscitado não é mais mortal, ou seja, participa agora da realidade celeste.

              Não é um espírito, é um homem vivo, mas imortal! Ele está acima inclusive das limitações das leis físicas deste nosso mundo, tanto é que o Evangelho frisa duas vezes - “Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco!”. (Jo 20,19.26).

         Jesus entrou duas vezes, mesmo as portas estando fechadas. Jesus Ressuscitado não precisa que a porta seja aberta. Ele agora participa da vida celestial e pode mesmo atravessar a porta sem que a movam. Tomé tocou-lhe as mãos e a chaga do seu peito e sentiu que era uma pessoa viva que estava diante dele. Ao ressuscitar, Nosso Senhor Jesus Cristo nos dá na nossa natureza redimida pela humanidade ressuscitada d’Ele, a graça de nós podermos ressuscitar também e vivermos, na eternidade, com Ele e como Ele vive!

[1] Fonte: www.aleteia.org                

              

Pe. Fellinto Oliveira Britto

Reitor do Santuário Eucarístico

Diocese de Tianguá – Regional NE1.