Como posso viver frutuosamente à Páscoa?

A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é a nossa Páscoa. Essa graça divina acontece também no presente histórico de nossas vidas sempre que saímos de toda experiência de morte e passamos a viver em Comunhão com nosso Salvador.

Artigos

08.04.2021 - 08:16:17 | 5 minutos de leitura

Como posso viver frutuosamente à Páscoa?

          “Jesus Ressuscitou, aleluia, aleluia!” É assim que a Igreja proclama redimida e cheia de júbilo a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo! A Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias, é a grande noite da vitória de Cristo sobre a morte, inaugurando um novo tempo em que todas as almas são redimidas. O Tempo Pascal é para a Igreja a celebração desse mistério divino em acontecimento na nossa vida humana. Contudo, viver os frutos da Ressurreição de Jesus também requer a livre adesão de cada fiel em sua vida cotidiana. Então, como proceder para vivermos frutuosamente a graça da Páscoa?


            No Antigo Testamento, Pasach era a festa hebraica que celebrava a saída do povo da escravidão no Egito para a liberdade na terra prometida. Narra o livro do Êxodo,“Moisés convocou todos os anciãos de Israel e disse-lhes: Ide e escolhei um cordeiro por família, e imolai na Páscoa. Observareis esse costume como uma instituição perpétua para vós e vossos filhos. Quando tiverdes penetrado na terra que o Senhor vos dará, como prometeu, observareis esse rito. E quando vossos filhos vos disserem: que significa esse rito? respondereis: é o sacrifício da Páscoa, em honra do Senhor que, ferindo os egípcios, passou por cima das casas dos israelitas no Egito e preservou nossas casas. O povo inclinou-se e prostrou-se”. (Ex 12,21.24-27) 


        No Novo Testamento, porém, Páscoa é a experiência da Ressurreição de Jesus, que desde então, a Igreja celebra todos os anos proclamando a vitória de Cristo sobre o pecado, o demônio e a morte. Se antes esta palavra se referia à passagem da escravidão para a liberdade, agora na Igreja ela se refere à passagem da morte para a vida, itinerário que Jesus percorreu e, por causa d’Ele, nós também percorreremos. Ele inaugura a nova Páscoa. Mas esta experiência redentora não se trata de um mero conceito nem tampouco se reduz a um momento final da vida terrena. Seu alcance é incalculável e se manifesta de diversas maneiras já no tempo presente de nossa existência. 


         Por essa razão, é necessário para todo cristão ter abertura de coração a fim de acolher a graça de Deus e a espiritualidade necessária para conservá-la viva e atuante na própria vida. Nós podemos viver a Páscoa de modo a obter frutos redentores quando em primeiro lugar tomamos a firme decisão de romper com o pecado e voltar à graça de Deus. A conversão é uma experiência de libertação e de salvação. O fiel deve ter essa consciência, decidir-se por Deus custe o que custar e buscar fazer uma confissão geral de seus pecados. O Sacramento da Penitência é em si um sacramento de libertação da alma que antes era escrava da morte e agora vive em Deus e para Deus. 


            Outra expressão da vida pascal é a experiência do perdão. Quando uma pessoa recebe uma ofensa e se sente magoada, enquanto rumina a dor interior do mal que lhe fora causado, ela permanece numa espécie de morte gradativa, pois sentir-se ofendido e orbitar à mágoa só traz desolação, vazio interior, tristeza. É uma forma de morte espiritual. Porém, quando ela  anula essa reivindicação de desculpas ou de pagamento justo pelo mal causado, a fim de entrar numa fase de liberdade interior diante de qualquer conflito, ela ressurge vigorosa e repleta de alegria e esperança de que a vida, dali em diante, também se renove e seja agora uma vivência feliz da própria história de vida. 


       Também tornar-se um homem e uma mulher de oração é uma mudança de vida essencialmente pascal. Os santos ensinam que “quem reza muito se salva, quem reza pouco está em grande perigo e quem não reza está perdido...”. Afinal, a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo é a graça divina que veio para a nossa salvação, como diz São Lucas: “Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus, que nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente, que há de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz”. (Lc 1,78-79) Somos chamados a corresponder ao amor de Deus de forma determinante. Tornarmo-nos unidos a Nosso Senhor em comunhão pela oração é sair das sombras da morte de uma existência vazia de Deus e adentrar na vida nova da graça divina, no esplendor do Sol nascente que é Cristo Ressuscitado. É assim que somos perpassados pela vida sobrenatural em nosso interior que só Deus pode preencher! 


           A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é a nossa Páscoa! Essa graça divina acontece também no presente histórico de nossas vidas sempre que saímos de toda experiência de morte e passamos a viver em Comunhão com nosso Redentor, na vida nova que Ele nos trouxe por seu sacrifício pascal. Diz São Paulo Apóstolo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gl 2,20) É assim que podemos viver frutuosamente a Páscoa de Cristo em nossas vidas. 

 



Pe Fellinto Oliveira Britto

Reitor do Santuário Eucarístico

Diocese de Tianguá – Regional NE1. 

Mais em Artigos
 

Cadastre-se e receba
nossas novidades

Copyright © Padre Fellinto. Todos os direitos reservados.