Lockdown e o esfriamento da Fé
Como numa grande batalha espiritual, a pandemia abocanhou muitos fiéis arrastando-os para a estagnação e à apostasia.
19.04.2021 - 15:30:00 | 1 minutos de leitura

A vida seguia seu curso normalmente, todos trabalhavam, frequentavam à Igreja, participavam das pastorais, movimentos paroquiais, Santa Missa, Adoração ao Santíssimo Sacramento, Festas de Padroeiros. Ninguém jamais imaginaria que esse ritmo poderia de alguma forma mudar. Mas veio a pandemia e todos nós tivemos que nos limitar a ficar em casa, numa fase nova e difícil de entender que até julgávamos que logo passaria, mas já faz mais de um ano que estamos caminhando em meio a muitas restrições. O surgimento de uma vacina que nos traria imunidade contra o vírus covid-19 reascendeu de alguma maneira a esperança de que a vida volte ao normal. Porém, a caminhada espiritual de muitos já não é a mesma.
Quando o mundo percebeu a gravidade do impacto do coronavírus, imediatamente os governos adotaram medidas restritivas de isolamento social com a fundamentação de que quanto menos contato tivermos uns com os outros, menores também são os riscos de contágio”. Daí porque os comércios, escolas, universidades, Igrejas e demais ambientes de circulação pública ficarem fechados sob decretos dos gestores estaduais e municipais. Em princípio, o povo entendeu que poderia ser uma solução para conter o avanço do contágio, mas depois de muitos meses verificou-se que, apesar do fechamento de quase tudo, não houve grande eficácia nesse método porque os números de infecções não paravam de subir.
A pandemia do coronavírus trouxe muitas situações de sofrimento como lesões graves nos pacientes mesmo já recuperados, milhares de mortos, crise econômica a nível mundial, crises políticas nas quais infelizmente muitas lideranças do mundo legislativo, executivo e judiciário acabaram mergulhando com conflitos ideológicos e institucionais mudando o foco de suas ações para outros fins, deixando esfacelada a busca da cura para o covid-19. Tudo isso só trouxe à tona uma crise moral que já sabíamos que existia, mas não numa proporção gigantesca como a que estamos vendo hoje em dia.
Com a flexibilização das medidas restritivas e, portanto, depois de um logo período de lockdown, as Igrejas foram reabertas e as celebrações presenciais foram retomadas. Aos poucos a vida eclesial caminhava para sua normalização, mas um fato chamava muito atenção nesses processos: A frequência e o engajamento dos fiéis já não eram os mesmos. Muitos fiéis não compareciam às celebrações e aos grupos de oração como antes. É claro que isso podia ser motivado pelo medo do contágio, mas também era notável um esfriamento espiritual nas pessoas. Vários fiéis presentes nas celebrações da Santa Missa não interagiam, ficavam quase imóveis, sem muita vivacidade.
Uma das consequências dessa pandemia foi esse grande esfriamento espiritual das pessoas. Acuadas pelo receio de adoecer e levar a doença para dentro de casa, elas se limitaram a “assistir” à Santa Missa pelas redes sociais. E mesmo havendo a Celebração Eucarística aberta ao público numa Igreja próxima de casa, não vão ao templo. Outros, precisando de grandes incentivos para amadurecer na fé e desenvolver uma vida cristã mais profunda, acabaram perdendo de vez o interesse pelas coisas de Deus. Diante dessa constatação, se impõe um grande desafio à Igreja: É necessário investir com todas as forças na ação evangelizadora fazendo uso dos vários meios possíveis para atingir o coração dos fiéis. Como numa grande batalha espiritual, a pandemia abocanhou muitos fiéis arrastando-os para a estagnação e à apostasia.
Hoje, mais do que em qualquer outra época, somado às muitas ameaças à fé das pessoas, se impõe um grande esfriamento espiritual. E para combater esse torpor, a Igreja precisa conduzir o povo na mais genuína e vivaz evangelização. É verdade que há muitos temas importantes a se refletir ligados à ação social, mas não se pode cuidar do outro sem antes cuidar de si mesmo. O principal assunto de uma ação missionária que pretenda evangelizar frutuosamente é Nosso Senhor Jesus Cristo presente nos Evangelhos, na Santa Missa, na Adoração ao Santíssimo Sacramento, na piedade popular, no testemunho de ações de fidelidade a Deus, na recepção dos Sacramentos, nas visitas aos fiéis (que poderão ser realizadas assim que puderem ser feitas com segurança), tudo isso feito em contraposição a este mundo relativista e secularizado.
Em Junho de 2015, o Santo Padre o Papa Francisco incentivou-nos, por ocasião do Terceiro Retiro Mundial para Sacerdotes, em Roma, dizendo: “Falando de dispensadores da graça, eu peço a todos e a cada um que, como parte da corrente de graça da Renovação Carismática, organizem Seminário de Vida no Espírito (Santo), em suas paróquias, seminários, escolas e nos bairro a fim de compartilhar o Batismo no Espírito e a catequese para que se realize, por obra do Espírito Santo, um encontro pessoal com Jesus que muda a vida!”. Obviamente que não estou afirmando que todos devem ingressar no movimento da RCC, mas como bem destaca o Romano Pontífice, é preciso buscar no Espírito Santo um encontro pessoal com Nosso Senhor Jesus Cristo que mude a nossa vida. Essas palavras são sempre atuais, pois indicam para estes tempos difíceis, entre outras urgências, a indispensável experiência transformadora da graça de Deus!
Pe. Fellinto Oliveira Britto
Sacerdote da Diocese de Tianguá
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