O que é o Círio Pascal?

Vários símbolos presentes nessa sagrada vela que mostra os sinais de Cristo Ressuscitado que nos impulsiona a tomar parte da luz, na qual emana de Jesus, nosso Senhor.

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09.04.2021 - 14:50:35 | 4 minutos de leitura

O que é o Círio Pascal?

        A Sagrada Liturgia da Igreja como ação da assembleia do povo de Deus que Celebra o Mistério Pascal de Cristo é uma viva realidade espiritual que pedagogicamente atua com uma considerável simbologia. Em todos os ritos, tempos litúrgicos, vestes sagradas e demais símbolos existe um conceito, uma razão de ser e uma disciplina na sua utilização. No Tempo da Páscoa, por exemplo, a Igreja utiliza o Círio Pascal para simbolizar Cristo Ressuscitado. Todos os fiéis podem visualizá-lo quando, na Vigília Pascal, o sacerdote o entroniza cantando “Eis a Luz de Cristo!”. Durante todo o tempo pascal, o Círio fica exposto no presbitério das Igrejas, ao lado do ambão (que é a mesa da Palavra de Deus). Mas o que significa exatamente este símbolo litúrgico?

       A Sagrada Escritura sempre utilizou tanto no Antigo quanto no Novo Testamento o simbolismo antagônico das trevas e da luz. As trevas representam a deformidade e o vazio, a falta de vida e beleza (Cf. Gn 1,2). Representam também o mal (Cf.Sl 106,10), o pecado (Cf. Pr 21,16) e a morte (Cf. Lm 3,6). A luz por sua vez representa a vida (Cf. Gn 1,3), a presença de Deus (Gn 48,3), a liberdade (Sl 26,1), a comunhão (Is 60,19), a ressurreição (Jo 12,46). O Círio Pascal é uma grande vela cujo fogo sendo abençoado representa em sua luminosidade a Luz de Cristo, sua vida nova, vida ressurgida pelo poder de Deus, vida imortal. Na Vigília Pascal, o Círio com a chama do fogo novo é levado pelo interior da Igreja, no qual os fiéis também acendem suas velas, significando que Cristo ressuscitado comunica vida nova aos homens e mulheres, redimindo o pecado humano e proporcionando comunhão. 

        Assim, se a escuridão representa as trevas do pecado nas quais a humanidade estava imersa, o surgimento de uma nova luz, a vida ressuscitada de Jesus, dissipa todas as trevas com o esplendor de sua chama. Ela estará cintilando no altar durante todo o tempo pascal representando a graça do ressuscitado que redime o ser humano, conferindo-lhe a luz, a vida nova. Mas o fogo não é seu único símbolo. No corpo do Círio também são fixados cinco cravos de incenso, representando as cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Também, há as letras alfa e ômega, do alfabeto grego, para dizer que Cristo é o princípio e o fim último do ser humano criado e redimido do pecado. No centro do Círio há um desenho da Santa Cruz, indicando o Mistério Pascal de Cristo (seu sofrimento, morte e ressurreição) e em seus lados estão os números do ano corrente. 

         Dessa forma é preparada a estrutura física do Círio Pascal que é aceso na Vigília do Sábado Santo, após a bênção do fogo duma pequena fogueira, fora da Igreja, em torno da qual a celebração tem início. Durante esta mesma celebração, também no momento da bênção da água com que os catecúmenos serão batizados, o sacerdote toca a água com o Círio significando que Cristo santifica a água do Batismo a fim dela gerar vida nova naqueles que estão recebendo este importante sacramento.  Para além do Rito da Luz, nos primeiros momentos da Vigília Pascal, também no Rito do Batismo tanto na própria Vigília como em batismos de crianças celebrados em outros momentos da vida eclesial, o Círio Pascal é a vela a partir da qual os fiéis poderão acender suas velas novamente. 

          Quando há catecúmenos, esse gesto significa que eles receberam a redenção pelo batismo, a luz de Cristo. Quando não há batismo nesta celebração, os fiéis também com velas acesas nas mãos renovam as promessas do Batismo reafirmando sua comunhão com Nosso Senhor Jesus Cristo: Renunciam ao demônio e ao pecado, e professam a fé a partir do Símbolo Apostólico, o “Creio em Deus Pai” assim popularmente chamado. Ao término do Ciclo Pascal, na celebração da Solenidade de Pentecostes, a Festa da Vinda do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos, nos Ritos Finais da Santa Missa, o Círio Pascal é apagado e levado para junto da Pia Batismal para ali permanecer o resto do ano nas celebrações batismais.

Pe. Fellinto Oliveira Britto 
Sacerdote da Diocese de Tianguá 
Regional NE1.  

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